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sexta-feira, março 26, 2004

O Zambeze, a ponte, as pessoas, os jacarés e os hipópotamos
- Visto na TPA ( Televisão Pública de Angola ) -
No Leste de Angola, existe uma ponte em ruínas, que em tempos atravessou o rio Zambeze.
Iniciada a sua construção em 1951 e terminada em 1954, a ponte foi completamente destruída em 1984, nas acções de guerra que ali decorreram. As populações, ficaram assim, frente a um rio que tem cerca de 1 Km, de margem a margem, naquela zona.
Inicialmente atravessavam o rio utilizando as ruínas da velha ponte, correndo o risco de serem devorados pelos jacarés ou espezinhados pelos hipópotamos.
O Soba da região ( autoridade tradicional ), decidiu então, disponibilizar algumas canoas para que pudessem proceder à travessia.
Um problema que persiste há 20 anos. E o povo lá anda, de frágil canoa, de um para o outro lado do rio.
Na entrevista a um dos condutores de canoa, este afirmou que não transportava mais de 6 pessoas de cada vez. Vi na reportagem, canoas com dez pessoas, mais a bagagem. Desde alguidares de roupa a sacos de alimentos. Frágeis canoas.
Também é verdade, que não vi os jacarés à espreita, nem os hipópotamos à espera.
Também ouvi que naquela região, toda a gente sabe nadar, sabe pescar e sabe conduzir uma canoa.
Nunca houve, que se saiba, algum acidente.

segunda-feira, março 22, 2004

E depois, vem o silêncio
e a morte
vem o horror,
a incerteza,
a ausência de amor
e a encruzilhada
de todos os caminhos.
Os homens andam sós.
Cada vez mais sózinhos.

Ontem, foi o dia mundial da poesia
Em Abril de 1977, alguém me pediu uma noite, que definisse a poesia num pequeníssimo triângulo equilátero de cinco centímetros de lado, rasgado de uma toalha de papel. Assim fiz:
"A poesia é, uma palavra com asas,
com janelas sem fim
e com portas abertas
em todas as casas."
Coube no triângulo de papel, invadiu o meu espaço interior e, ainda hoje, acho que é verdade.

quinta-feira, março 18, 2004

De Luanda ao Sumbe ( antigo Novo Redondo )
São cerca de 350 Km, percorridos com gosto pois a paisagem é magnífica. A estrada é boa até à ponte sobre o rio Kuanza. Depois, são muitos quilómetros com enormes buracos, de que a minha coluna ainda hoje se queixa. Fomos no entanto recompensados pela beleza da floresta junto ao rio, pelo avistamento de um macaco que atravessou a estrada mesmo à frente do carro, pela serenidade da savana que nos acompanhou até ao nosso destino. Recompensados pelas cores, pelos sons, pelo cheiro da terra e, eu, pela sensação de me sentir, finalmente, em África.
No entanto, ao passarmos por Porto Amboím, reparei que uma placa, que nos desejava as boas vindas estava assinada pelo patrocinador. Nem mais nem menos do que uma conhecida multinacional norte americana. Ao chegar ao Sumbe, a história repetiu-se. Inscrito na placa onde se podia ler " Bem-vindo ao Sumbe ", lá estava o descarado símbolo da dita multinacional.
Na cidade do Sumbe, tive a confirmação do que temia: Não havia casa comercial de porta aberta e a funcionar, que não tivesse por cima da porta uma tabuleta com fundo vermelho, que continha, para além do nome do estabelecimento e a designação da respectiva actividade, o nome e o símbolo da referida multinacional de refrigerantes.
Desiludidos com esta adulteração cultural, iniciámos o regresso e, pelo caminho, numa pequena povoação de casas com telhados de ulmo, uma delas ostentava uma tabuleta branca com dizeres em maiúsculas pretas, sem fundos vermelhos nem símbolos de multinacionais:
" MARCENARIA E ESTUFARIA
MATA A COBRA E ESPETA O PAU "
Percebemos, então, que só poderia ser um resistente. E respirámos profundamente de alívio.

segunda-feira, março 15, 2004

Angola, o jazz e a solidariedade
Hoje, o programa de jazz da Rádio LAC ( Luanda Antena Comercial ), que aparece nas ondas ao fim da tarde, intitulou-se "Morte em Madrid ". O seu autor, fez referência a diversos locais onde diversos atentados terroristas foram levados a cabo, em todos os continentes, chamando pelos nomes os responsáveis: os diversos fundamentalismos e os diversos anti -. Depois, passou temas de Miles Davis e Jonh Coltrane, gerando um clima de paz, daqueles que só a música consegue, no meio do luto e da dor. Angola não dorme, mesmo após tantos anos de guerra.

sexta-feira, março 12, 2004

Madrid ( actualização )
Morreram cerca de duzentas e ficaram feridas mais de mil e quinhentas pessoas. Outros dados, só os definitivos.
Quem foi, quem não foi, algum dia saberemos. Para as vítimas desta estupidez, é perfeitamente igual. Só quero ressalvar a referência à minha descrença na humanidade. Mais tarde, ao ver a enorme multidão que esperava para dar sangue, a esperança renasceu. É o contraponto do horror. Afinal é a capacidade de dar, respostas destas nos momentos mais difíceis, que nos salva e nos redime, em contraponto aos agentes do terror que acabam por ser, talvez, a extremidade de todos nós.

quinta-feira, março 11, 2004

Madrid
As bombas, cobardemente colocadas por quem quer que seja, mataram cerca de duzentas e feriram mais de quinhentas pessoas. Até agora, pelo que me apercebo das notícias, as vítimas não eram militares, nem governantes, nem polícias, nem políticos. Eram simples cidadãos que, como rotina de todos os dias, se dirigiam para os seus locais de trabalho.
São factos como este, que nos fazem descrer da humanidade. É a expansão do horror, em pleno século XXI.

terça-feira, março 09, 2004

Parabéns Futebol Clube do Porto
Estão nos quartos de final da Liga dos Campeões Europeus.
Torci a sério por vocês. Agora, só espero que ganhem a Liga ( dos Campeões, óbviamente ).
Ainda consegui ver quase toda a segunda parte do jogo. Veio a energia.
Pode ser que não queiram ganhar o Campeonato Nacional. Dáva-nos jeito.
Hoje, que me desculpem os fanáticos, sou do F.C.P. Sportinguista assumido desde pequenino, não me envergonho de afirmar. Doa a quem doer. Hoje, sou do Futebol Clube do Porto. Ainda por cima, os adversários são ingleses. E do clube mais rico do mundo. Tenho todas as razões para, hoje, ser do F.C.P. Só tenho pena de ter ficado sem energia eléctrica, logo no momento em que o jogo ia começar.
Não faz mal. A internet ajuda-me a acompanhar o jogo.
Força Dragões!

sexta-feira, março 05, 2004

Sobre os médicos Angolanos

Os que conheço, aqueles a quem tive necessidade de recorrer, quer agora, quer há doze anos atrás, ou até há vinte anos.
São óptimos, são cuidadosos, são até carinhosos. Com cada doente, demoram o tempo que for necessário. Só que eu sou, cliente das clínicas. Presumo que nos hospitais seja diferente, mas só por falta de meios. Acredito que o cuidado, o carinho, o interesse e o profissionalismo sejam iguais. Só a falta de meios pode, de certeza, marcar a diferença.

quinta-feira, março 04, 2004

Exmos Senhoras e Senhores da blogosfera:
Será que que ninguém ainda percebeu, que a morte é algo que nos acontece todos os dias? Devagar. Segundo a segundo, minuto a minuto.
O que está em causa, é a antecipação da morte. Não, a morte, própriamente dita.
A pena de morte, devia ser designada por pena de ausência de vida, nunca por pena de morte.
A vida, é algo de extraordinário que nos acontece e que consideramos uma dádiva e não um acidente.
A morte, é algo de extraordinário que nos acontece, que esperamos durante uma vida.
Se existirem desvios comportamentais nos seres humanos, devemos corrigi-los, nunca eliminar os próprios seres humanos que originaram esses desvios. Por mais horrorosos que sejam esses comportamentos, por mais impossível que nos pareça a sua recuperação. A pena de ausência de vida, é uma ultrapassagem de competência.
Deixem passar, por favor

Deixem passar a poesia
que pinta o mundo de novo
deixem passar a alegria,
dos poetas e do povo.
Deixem passar a serena
felicidade dos simples,
deixem passar as palavras
que se inventam dia a dia,
deixem passar as crianças,
deixem passar a poesia
deixem passar este verso
branco/ negro como eu,
deixem passar
as palavras
deixem passar este céu
azul, como eu gostaria
que fosse o céu deste mundo,
todo pintado de novo
pela força da poesia,
das crianças e do povo.

terça-feira, março 02, 2004

No dia 29 de Fevereiro, algo de estranho aconteceu com a sicnotícias, em Angola.
A imagem que apareceu no ecran, foi a do Prof. Sousa Franco, durante todo o dia de Domingo. Imagem parada, que deve ter ficado da notícia sobre a Convenção do PS, mas que ali ficou. Estática, sem som, como que a dizer:
- Estás em África, mas não te esqueças de votar para as Eleições Europeias. Olha que eu, sou o cabeça de lista do PS.
Como é que o Dr. Balsemão foi nesta?

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