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sexta-feira, outubro 31, 2003

Os buracos das ruas de Luanda, são soberanos em relação aos automóveis e ao trânsito que tenta circular pelas ruas e avenidas da cidade. Não há sinaleiro que se imponha. Eles, os buracos, é que mandam. Seria bom realizarem um filme, com uma boa música de fundo, fosse de que género fosse e teríamos um bailado fantástico. No mínimo, um Óscar estaria garantido.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Poema para a minha mulher ( como é, um novo amor )

É por ti, meu amor
que me movo ou descanso,
acordo ou adormeço.
É por ti, meu amor
que me inquieto e desvaneço
a olhar as coisas simples,
que vão do sonho ao verso.
É por ti, meu amor
que construo ou destruo
o que de bom ou mau
existe em mim.
É por ti, meu amor
que não desisto,
que luto e que resisto
e fico vivo, livre
e inquieto.
Até ao fim.

terça-feira, outubro 28, 2003

Sobre a visita do Sr. Primeiro Ministro de Portugal a Angola:

Afirmou o Dr. Durão Barroso que: " Nós, portugueses, já conhecíamos e gostávamos de Angola antes mesmo de neste país terem sido descobertos o petróleo e os diamantes ".

Há dias fiquei triste, por Portugal estar doente. Afirmei-o no meu blog, porque vi a RTP e a SIC.
Agora, estou, quando muito, estupefacto.
Então nós, portugueses, somos uns anjinhos?
E os outros países uns vampiros, que só agora descobriram a importância e o potencial deste país.
A nossa relação com Angola, começou muito antes do petróleo e dos diamantes. É verdade. Mas as relações económicas, também mudaram muito com o mudar dos tempos.
Haja memória:
A escravatura, não se pode apagar.
O colonialismo, não se pode apagar.
A guerra não se pode apagar.
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades".
A História não se pode apagar.
A relação entre Angola e Portugal, hoje, não precisa de pequenos passos, mas sim de passadas enormes, mesmo de passos gigantescos, do tamanho da amizade que une a maioria dos angolanos e portugueses, que durante este período tão díficil entre a guerra e a paz, sempre souberam encontrar-se, apesar das diferenças.
Vamos ultrapassar, primeiro, os complexos que ainda existem, Sr. Primeiro Ministro de Portugal.
Depois, poderemos ser, se o quisermos e soubermos ser, o mais importante amigo de Angola em todo o mundo.

sábado, outubro 25, 2003

Estamos no fim de semana.
A música é raí­nha, o ritmo, sobretudo o ritmo, é dono e senhor das noites de Luanda. É quase impossí­vel tentar descansar, tendo o silêncio como fundo.
Tudo começa na própria infância. Descobri isto a observar as crianças. Basta produzir qualquer som, seja ele proveniente de instrumento musical de proveniência certificada, de caixa de fósforos, pedaço de madeira, isqueiro, copo de vidro ou de cristal ou outro qualquer objecto capaz de dele se extraí­rem sons e sobretudo ritmos mais ou menos intensos, para vermos uma criança mexer, dançar criativamente, como se tivesse nascido envolvida em movimento. É por tudo isto que acredito que é possí­vel que as, hoje, crianças deste imenso paí­s, possam vir a construir um futuro melhor para todos os seus.
É só sair de Luanda e envolver toda a Angola no seu próprio movimento.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Vem aí o Dr. Durão Barroso. A visita do PM português a Angola é aguardada com expectativa e até mesmo com entusiasmo, por alguns círculos políticos angolanos, informa o "Jornal de Angola".
Vem, mas não vem sózinho. Com ele viajam cerca de 50 empresários, 6 ministros e 4 secretários de Estado.
Nós também aguardamos, com expectativa, pelos resultados da visita.

quarta-feira, outubro 22, 2003

Entre o luxo e o lixo, Luanda move-se.
Entre as "mansões" e as casas de musseque, Luanda move-se.
Entre os automóveis "topo de gama" e os que andam a cair aos bocados, Luanda move-se.
Entre os que andam de táxi colectivo ou caminham a pé, Luanda move-se.
Entre os que têm emprego e os que vivem a pedir, junto aos sinais de trânsito,
Luanda move-se.
Entre os que trabalham e os que escolheram outros caminhos, Luanda move-se.
Entre as mulheres prostitutas e as outras mulheres, também bonitas porque são mulheres, Luanda move-se.
Entre os médicos das clí­nicas e os mal pagos dos hospitais, Luanda move-se.
Entre os quadros bem pagos e os que sobrevivem, Luanda move-se.
Entre a fartura e a fome, Luanda move-se.
Entre todas as crianças,que sempre sorriem, no meio do luxo e do lixo, Luanda move-se.
Apesar de tudo, Luanda move-se.

terça-feira, outubro 21, 2003

A vantagem do blog, é ser um espaço aberto ao exercício da liberdade.
Apetece-me gritar, mas só o vou fazer amanhã.
Sou, de facto, um homem livre. Como fica demonstrado.

segunda-feira, outubro 20, 2003

Vejo as notícias na RTP internacional. Portugal está doente. Fico triste.

sexta-feira, outubro 17, 2003

Este circo das palavras
não tem palhaços, nem feras,
nem banda, nem trapezistas,
nem zebras equilibristas.
Tem sómente ilusionistas
que retiram de um chapéu,
alto, como deve ser,
verbos e substantivos,
pronomes, adjectivos
e outras coisas de dizer
e escrever.
Este circo das palavras
tem toda a razão de ser.

quinta-feira, outubro 16, 2003

Gosto das cidades
que se transformam dia a dia
e que mudam de cinzento para azul a côr do céu
Gosto de me inquietar
com as coisas simples
e de descobrir o mundo
devagar.

quarta-feira, outubro 15, 2003

Sobre a Leucemia - 2

Ainda é dia quinze


Meu caro josers
O mais importante na vida é a atitude. E os valores e os princípios. Graças a Deus, a juventude é sempre generosa. Dá um grande beijo à Irene pela sua decisão.
Sobre a Leucemia
O Barros era um jovem simpático. Curiosamente era polícia.Muito diferente dos polícias que conheci na minha infância. Um homem simples, bem informado, trabalhava na área administrativa da P.S.P. de Cascais. Dominava as novas tecnologias, praticava desporto e bebia café na mesma pastelaria, que costumo frequentar quando lá estou. Conversámos muitas vezes. O suficiente, para perceber que o António Barros era um homem bom. Há uns anos, pouco antes de um Verão, o Barros fez análises de rotina. Foi então que a " besta " apareceu.
Ao Barros foi diagnosticada uma Leucemia.
O Barros lutou. Iniciou um tratamento. Deixou de aparecer na pastelaria. Os familiares mais próximos não eram compatíveis para um transplante.
Um dia, alguém me disse que o Barros tinha morrido.
Provávelmente, Deus precisou do Barros no Céu. Talvez por causa da farda. Alguém que impusesse respeito aos outros anjos mais novos.

terça-feira, outubro 14, 2003

Um grupo de jovens investigadores portugueses, deu um significativo contributo para a resolução do problema da malária.Notícia da RTP. Pode demorar anos, mas só o perceber a certeza e a alegria daqueles jovens foi bom, foi gratificante.
A malária afecta 200 a 500 milhões de pessoas em todo o mundo e mata 1,5 a 2 milhões de pessoas por ano. A maioria são crianças.

segunda-feira, outubro 13, 2003

Ao ler a página de Polícia do " Jornal de Angola ", descubro que foram detidos, na cidade do Lubango, 12 caçadores de elefantes que actuavam no Parque Nacional de Bicuar, província da Huíla.
O espanto é que, para matar os elefantes, os caçadores utilizaram armamento de guerra, nomeadamente minas anti-tanque, granadas, espingardas-metralhadoras AKM, e lança granadas RPG7.
Coisas de um país que, felizmente, conseguiu acabar com a guerra há cerca de um ano e meio.

sábado, outubro 11, 2003

Gosto de ficar quieto a ver o mar.
Tudo o resto, pode quebrar o sonho e o encantamento.

sexta-feira, outubro 10, 2003

Logo de manhã tinha o carro " trancado " por um outro carro. Solícito, um dos lavadores de automóveis com quem tenho um contrato verbal de prestação de serviços ( que pago à semana ), disponibilizou-se de imediato a ir chamar o cidadão. Esperei quinze longos minutos. Findo esse tempo, lá apareceu um senhor com ar aborrecido, saído de uma porta mesmo ali ao lado. Sem sequer pedir desculpa pelo incómodo causado, retirou a viatura com a maior lentidão. E a maior arrogância. Porque será que o trânsito se " embrulha " todo em Luanda?

quinta-feira, outubro 09, 2003

Esse mar de esperança em que acordaste, meu caro josers, é tão legítimo como o direito que todos temos de crescer.
O crescimento é sempre doloroso, pelo menos até atingirmos a sabedoria.

Gostei de ouvir, ontem na RTP, o Gilberto Gil afirmar que o sonho é, de facto, o motor que nos faz avançar, tendo como contraponto a realidade e a utopia como referência.

quarta-feira, outubro 08, 2003

Ouvi hoje, na rádio LAC ( Luanda Antena Comercial ), que as condutas de água que estão a ser substituídas no Largo do Ambiente, têm cerca de 60 anos.
Atingiram a idade da reforma.
Serviram no tempo colonial, no tempo do socialismo científico e ainda funcionaram em plena economia de mercado. É obra!

terça-feira, outubro 07, 2003

Acordei deitado num lençol de girassóis
e bebi a manhã devagar
Olhei
todo o olhar de desespero que encontrei.
Depois, fui para longe à procura de mim
e encontrei o Sul
no caminho do mar,
numa colina azul.
Acabou a greve dos táxis.

segunda-feira, outubro 06, 2003

Há greve dos táxis colectivos em Luanda. O Governo procura disciplinar o sector, obrigando os táxistas a estarem devidamente licenciados, a terem carta de condução, etc.
O problema é que a maioria dos cidadãos não possui transporte próprio. O absentismo nas empresas e nos serviços vai de certeza aumentar. Os piquetes de greve estão a funcionar. Alguns táxis ( sem passageiros ) circulam, fiscalizando os "fura-greves". Se encontram um, obrigam os passageiros a sair e punem o motorista prevaricador com algumas pauladas. Veremos como irá evoluir a situação.

domingo, outubro 05, 2003

Outubro de 1910. A República é implantada em Portugal. O povo esperava. O povo continuou à espera.
Em Abril de 1974, a democracia e a liberdade chegaram a Portugal. O povo esperava. Mais.
O povo continua à espera.

sábado, outubro 04, 2003

Hoje, porque é sábado, não há engarrafamentos. Só os que resultam das obras que vão acontecendo um pouco por toda a cidade. As obras positivas. As infraestruras necessárias ao futuro de milhões de pessoas que aqui querem viver. A guerra acabou. Luanda respira, como se estivesse à espera de ser.

sexta-feira, outubro 03, 2003

Do alto, vejo toda a cidade possível.
Ao perto e a meus pés, toda a tristeza que vai das Barrocas à Boavista. O curto prazo.
Se olhar mais longe, mesmo antes de chegar ao horizonte,
vejo a baía de Luanda, a ilha, o oceano.
Olhem mais longe,amigos. Bebam o mar, se puderem.

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