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sexta-feira, julho 30, 2004

Deixem-me respirar
reencontrar o meu país
perceber a importância das coisas pequenas,
e também, ser feliz.
Deixem-me entender
porque é que a vida se estende
de uma maneira tão silenciosa
e porque é que as pessoas
se entendem de uma maneira tão minuciosa
e rasteira, como os campos de relva, harmoniosa e fria.
Tudo isto, me parece uma suave ventania,
que sopra devagar, por tudo o que acontece.
E que nada, mesmo nada, me dizia.

A brisa calma do Centro-Sul
Ontem, senti a brisa calma do Guincho, observei um pôr-do-sol magnífico, jantei um delicioso linguado delícia e voltei para casa sereno e tranquilo. Tudo isto em menos de duas horas. Comparado com as viagens que tive recentemente que fazer em Angola, não é nada. Uma hora para aqui, outra hora para ali ( de avião ), quatro horas para ali ( de carro ), engarrafamentos em Luanda, muitos, diários, stressantes. Depois querem convencer-me que estou diferente. Por favor, acreditem, que só estou com algum cansaço. Iniciei as minhas férias, mas ainda não as senti. Agora, refilar, reclamar, manifestar abertamente a minha opinião, sobre aquilo que estou, ou não, em desacordo, ninguém me pode hoje em dia proíbir, censurar ( já lá vai o tempo em que isso acontecia ). Acreditem que estou na mesma. Acordado, em relação a tudo o que é importante para todos nós.

quarta-feira, julho 28, 2004

Aínda os incêndios
Penas a atribuir aos incendiários:

Sou contra a pena de morte, como sabem, daí a benevolência.

Para o "alguém", que remunera os outros: Rever a Constituição, amarrá-lo a um pinheiro, no meio do sítio que mandou incendiar. E deixá-lo a arder, até ao fim.


terça-feira, julho 27, 2004

Dizem-me que virei azêdo, no regresso
Talvez porque entrei a protestar, uma amiga minha disse-me hoje que tinha chegado zangado e embirrento. Até me disse que parecia a Drª Odete Santos. Tudo, só por ter afirmado que era preciso dar a voz ao povo. Não pertenço ao partido da Drª Odete, nem ao da proximidade da minha amiga. Pertenço a mim próprio, essencialmente. Também pertenço ao mundo todo, ao meu país de origem e aos outros países que me têem acolhido. Sou, sobretudo, um homem livre, um passageiro do expresso da sobrevivência, um lutador pelas causas que podem valer a pena. Não, não acho que esteja fora do meu tempo. Talvez seja o miúdo, que sonhou ser um cavaleiro andante.
 

domingo, julho 25, 2004

Portugal já está a arder
de raiva, de incerteza, talvez de medo.
Portugal, é um país que tem capacidades imensas de se poder realizar. Foi assim no passado, poderá voltar a ser, no futuro. Dêem a voz ao povo. Ouçam-no. A sabedoria dos genes conseguirá dar as respostas, que todos nós precisamos. Somos um povo de múltiplas origens. De capacidades que muitos de nós desconhecemos. Precisamos de pesquisar no passado, os caminhos que nos possam garantir o futuro.

sábado, julho 24, 2004

Finalmente, estou em Portugal
Quer queira quer não, sou um Português, com paixões diversas por outros países, nomeadamente de expressão portuguesa. Cheguei ontem. Estou cá. Há mudanças. Não as que eu queria, mas as que outros decidiram fazer. Tenho um novo governo, que apesar das cenas humorísticas das tomadas de posse, vai ter que se aguentar até caír. Carlos Paredes morreu e Portugal está cada vez mais pobre. Vou tentar sobreviver por cá, até partir outra vez. Resta-me a consolação de que cada vez que quiser dizer o " Cântico Negro " do José Régio acompanhado à guitarra pelo meu amigo José Luís Nobre Costa, ele, o Carlos Paredes, estará lá. Os músicos e os poetas andam sempre juntos, até na eternidade.

quinta-feira, julho 22, 2004

Até sempre, Angola
Amanhã viajo para Portugal. Espero voltar em breve. Por lá vou encontrar, de certeza, muitas coisas novas. Ao que entretanto irá acontecendo aqui, estarei atento. Até sábado. 


segunda-feira, julho 19, 2004

Da passagem pelo Sumbe
Ficou-me o silêncio que se pode ouvir, ao comtemplar à tardinha o pôr-do-sol. A gente simples que passa na rua, quase sempre mulheres com alguidares à cabeça, crianças a regressar da escola, com as batas muito brancas, um ou outro carro, muitas motorizadas  e um pelourinho, com caravela e tudo.
A quarenta quilómetros dali  fui visitar as cachoeiras do rio Queve, ou Keve, conforme o gosto. Raro espectáculo de beleza, que pude finalmente apreciar ao vivo. De beleza e de força natural, que me faz perguntar: Como é possível, a capital do Kuanza Sul, não ter energia eléctrica em condições?

terça-feira, julho 06, 2004

Vou para o Sumbe ás 6H00 da manhã
Espero regressar a Luanda na sexta-feira dia 16.
Depois conto coisas.

segunda-feira, julho 05, 2004

É óbvio, que não lhes contei tudo sobre o Lobito.
Uma tarde, saía eu do hotel onde tinha ido almoçar quando uma criança negra , de roupas sujas, rotas, com um oleado a esconder o resto da roupa e do corpo, um chapéu também de oleado na cabeça, vem ter comigo e me diz que precisa de comprar um pão.
Habituado às mistificações que todos os dias acontecem em Luanda, tentei escapar-me, dizendo que não sabia se tinha dinheiro suficiente.
Mas tinha. A face da criança, inexpressiva perante um estrangeiro, nada me dizia. Era mais uma criança a que podia ou não ajudar, era mais um ser humano que as estatísticas situam no limiar da fome, ou um embuste?
Lembrei-me de situação semelhante que me aconteceu em Portugal, comigo e com um padre, meu amigo, que já não está nesta vida díficil e até casou e teve filhos, e que me disse:
- Até podemos estar a ser enganados, na dúvida devemos dar.
Foi o que fiz. Dei aquela criança todos os trocos que tinha, o que não perfazia mais do que 1 USD. Nem mais, nem menos, do que um dollar.
Abriu-se à minha frente, um dos sorrisos mais bonitos do mundo. Em frente do hotel, havia uma padaria. A criança não saíu a correr para comprar o pão. Puxou-me pela manga da camisa, insistentemente, não me deixou arrancar com o carro, enquanto não me disse:
- Amigo, que Deus esteja contigo. Faz uma boa viagem amigo. Que Deus, esteja sempre contigo.
Respondi na mesma moeda:
- Que Deus fique contigo, também.
E parti, com toda a confiança, levando aquele sorriso comigo.
PS: Este post é dedicado ao meu amigo António Henrique Tomás de Oliveira, que já deixou este mundo complicado.

domingo, julho 04, 2004

Não é ironia. Portugal venceu o grande desafio do Euro 2004.
Perdemos o último jogo. Fomos capazes de organizar o melhor Europeu de futebol de sempre.
Fomos capazes de dar à nossa selecção o maior apoio popular. Estivemos pela primeira vez na final de um Europeu de futebol.
No fundo, só perdemos um jogo. E um jogo, é isso mesmo. Um jogo.

sexta-feira, julho 02, 2004

Morreu Sophia
Morreu, aos 84 anos, Sophia de Mello Breyner. A poesia está de luto e Portugal muito mais pobre. Fica a obra e a imagem de luta. Um povo tem que aprender a merecer os seus poetas.
Morreu Marlon Brando
O cinema está de luto.
Notas sobre o Lobito
Tem o Lobito condições naturais magníficas. A Restinga, a baía e o mar. O porto. Os flamingos rosa. As pessoas. Mas o que mais me marcou, foi a lixeira em frente da casa de passagem onde fiquei.
O terreno, do outro lado da rua era grande, talvez do tamanho de um campo de futebol.
De manhã, nos intervalos das acções de formação que lá fui desenvolver e ao fim da tarde, sentava-me habitualmente na varanda colonial da casa onde dormia. A lixeira lá estava, alimentada diáriamente pelas pessoas da zona. Só ocupava a parte do terreno virada para o meu lado. Mais lixo, só do outro lado da outra rua perpendicular a esta.
Democráticamente, frequentavam a lixeira uma porca preta e as suas duas ninhadas de leitões, dez cães, um rebanho de cabras, já com cabritos recém-nascidos, que é como quem diz aínda de mama, galos, galinhas e pintos , algumas crianças e sobretudo o que me me deixou completamente espantado, um bando de garças elegantíssimas que frequentavam o mangal do outro lado do terreno, que parece que se destina à construção de uma igreja. Aos sábados, há mesmo futebol. Talvez com 43 jogadores, mas muito bons de bola. Um dos cães foi atropelado na estrada. Óbviamente, ninguém ligou nenhuma. No dia seguinte, mal se distinguia, o cão, do asfalto. Como nos desenhos animados, um veículo pesado passou-o a ferro. E ali ficou.

quinta-feira, julho 01, 2004

Voltei do Lobito
Tenho muitas coisas para contar. Não o faço hoje, porque estou sem energia eléctrica.
Prometo fazê-lo amanhã.

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